sábado, 29 de maio de 2010

Perfume
Devasso e maldito sentidos apurado
Com tal dom, compreendo a passagem das eras
Pressinto a virada das luas, o movimento das mares, em ciclos infindáveis
Marco no compasso do tempo, o exato instante de firmamentos soltos no ar,
Fragrância de um perfume
Extasiante, proibido, fingindo que existe além de mim
Pela mentira tudo se faz, mas nada surgir [negação]
Pela percepção tudo se alcança e se faz [a devoção]
Sem palavras verdadeiras, só há o compactuar do mais doce e amargo [a vida]
Demoníaco, libertino, temido, oprimido
Em realidade nua, excita à sedenta vontade de corpo que vibra
A sensação desmedidamente sentida é desejada
Fora de cena, fora de quadro, fora do ato
ouve-se gemido, sente-se o corpo a aquecer o suor a escorrer,
Alma audaz, fugas, insossa
Risos enlouquecidos, olhar voraz de prazer
Organismos que em si mesmo trazem o caos
Quando equacionados são cosmo, o ego é sentido
Sim em sim, nada como manda o figurino, pois alude ao imoral
Que nem mesmo em sonhos é permitido
Negar é desejo? Fugir é sentir? Oprimir é sede?
Quem si é, se não quem tu es?
Deleitar-se na impureza de almas que sentem o não/permitido
E o cheiro que sentes é puramente ilusão ou indução?
O que sedentas é dor ou satisfação? Permitira?
Satisfar-se-á em solitária projeção, almejando o ponto de encontro?
Completamente doada aos sentidos, à vontade, o desejo
Repudiando o medo, o pavor, o pudor
Prazerando a carne crua e tremula
Tal vontade que resplandece por detrás dos teus olhos
Estremece teu corpo, transpira no ar e só encontra contemplação na consumação dos fatos
É por tal devasso? É por tal maldito? Es Natural? Es Amoral? Es Pervertido?
Mas em orgasmo-riso de verdade sentida, degustada e comprazida
Sem rosto ou com múltiplos rostos
Satisfatoriamente compreendida
O que importas É o que sentes?